Entre as onze concessionárias ferroviárias de cargas, três respondem por 80% da produção expressa em toneladas quilômetros úteis (TKU). São as estradas de ferro Carajás e Vitória a Minas, ambas pertencentes à Companhia Vale, e a MRS Logística, da qual a Vale tem importante participação acionária. Nas três o minério de ferro é a carga principal, variando de 70% a mais de 90%.

Com a conclusão da duplicação da EFC e os investimentos na MRS, a participação do minério tende a crescer entre as cargas mais transportadas, já que a EFVM possui linha dupla em toda sua extensão. No transporte da carga geral, ou seja, produtos industrializados no mercado doméstico, a ferrovia não tem a menor chance de competir com o transporte rodoviário e por isso sua participação na matriz de transporte é algo em torno de 7%.

Para competir com os caminhões às ferrovias necessitam de linhas com melhores traçados, capazes de efetuar transportes de contêineres em longas distâncias, como ocorre nos Estados Unidos. Para que isso ocorra devem ser eliminados os vários gargalos ferroviários existentes. Os poucos contêineres que algumas ferrovias conseguem transportar são cargas de importação ou exportação e boa parte realizado a curtas distâncias.

Não é a toa que a cada ano, enquanto mais de 100 mil novos caminhões são vendidos para atender o mercado interno, apenas três ou quatro mil novos vagões saem de nossas fábricas para atender os transportes sobre trilhos e muito deles, como não poderia deixar de ser, para transportar mais minério de ferro.

Enquanto isso nossas autoridades do setor ferroviários estão mais preocupadas com a implantação do Trem–Bala no eixo Rio de Janeiro-São Paulo-Campinas.

Renê Fernandes Schoppa
Assessor da CBC.
rfaschoppa@ibest.com.br

(Autor do livro “150 anos do trem no Brasil”)