Demanda por reefers leva armador a estudar construção de fábrica no Brasil
A crescente demanda mundial por contêineres reefers tem tornado essas unidades escassas e obrigado os embarcadores de congelados a recorrerem aos break bulk. Consequentemente, em algumas rotas, o frete de embarcações frigorificadas aumentou substancialmente.
Recentemente, as taxas para embarcar frangos em break bulk nas rotas entre o Golfo dos Estados Unidos e a Rússia tiveram um ágio de 205%, saindo de US$ 85 por tonelada para US$ 260 por tonelada.
No Brasil, o binômio alta demanda/pouca oferta de contêineres reefers está levando o armador francês CMA CGM a estudar implantar uma fábrica para construção de reefers no Brasil. O investimento seria em parceria com outras empresas, mas a companhia não revela mais detalhes.
Entre 2006 e 2007, a CMA CGM aumentou a movimentação no transporte de reefers em 149,7%, além de ter ampliado em 5,2% o seu market share dentre os cinco primeiros colocados no ranking nacional, no que diz respeito a este tipo de carga.
“Isso (a falta de reefers) está ocorrendo, o mundo todo está demandando mais alimento”, confirma o presidente do Grupo Localfrio, José Sampaio Campos, quando questionado sobre a falta de contêineres reefers.
A Localfrio opera dois terminais no Brasil, um em Santos, onde 20% da movimentação é de cargas congeladas, e outro em Itajaí, onde esse percentual sobre para 80%.
Também o diretor do TCP (Terminal de Contêineres de Paranaguá), Marcelo Dias, que trabalha para aumentar o market share do complexo nos embarques de carnes, confirma a tendência. “Temos detectado, sim, a dificuldade principalmente por parte dos exportadores em conseguir esse tipo de equipamento”.
De acordo com uma fonte do Grupo Minerva, um dos principais exportadores de carne bovina do País, a dificuldade em conseguir reefers é, em parte, por conta do aumento das importações brasileiras, impulsionado pelo real valorizado.
Conseqüentemente, o navio chega aos portos brasileiros muito carregado e não sobra espaço para os reefers.
O diretor Comercial do Porto de Itajaí, Zenaldo Feuser, complexo que concentra o maior pólo de produtos congelados do País, avalia que de fato há falta de reefers. “O mundo trabalha com um crescimento de consumo de proteína em torno de 4 % a 5 % por ano nos próximos 10 anos”.
Mas, pontua Feuser, a situação é, também, turbinada por um movimento sazonal. “O Brasil tem se tornado um grande exportador de frutas, então, no pico dos embarques, a região Nordeste tem demandado muitos contêineres reefers”.
Fonte: Guia Maítimo.