Cerca de 300 contêineres deixaram de ser movimentados em caminhões para chegar ao Porto em vagões
JOSÉ CLAUDIO PIMENTEL
DA REDAÇÃO
portomar@atribuna.com.br
Os congestionamentos diários nas vias de acesso ao Porto de Santos motivaram, em um intervalo de 15 dias, a transferência de 300 contêineres do modal rodoviário para o ferroviário.
A intenção é agilizar o escoamento do produto – que tem ficado mais tempo retido nas estradas do que nos terminais alfandegados.
No período, pelo menos 10 composições extras foram acionadas para atender o mercado.
Os trens percorreram o trajeto entre o Interior de São Paulo e o litoral. Com destino ao Porto, as cargas são exportadas. Os vagões não retornam vazios para o Vale do Paraíba. Eles são ocupados por contêineres que ficam sem caminhões (devido à Demanda de importação).
Para o vice-presidente da Câmara Brasileira de Contêineres, Transporte Ferroviário e Multimodal (CBC), Washington Soares, as ferrovias ainda não são exploradas totalmente – vide a alta na última quinzena. “Elas vivem um momento de estagnação. Por isso, empresas estão apostando em operadores logísticos próprios”, diz.
A falta de estruturação logística – escancarada no último mês, com os congestionamentos nas rodovias de acesso ao Porto de Santos – fez com que operadores Logísticos particulares passassem a trabalhar para as empresas. A intenção foi reduzir os custos e prejuízos que os elos envolvidos no processo possam registrar.
RESPIRO
Em 2011, houve queda de 11% na utilização do modal ferroviário. No ano seguinte, transportadores deram novo fôlego, com crescimento de 2,8%, segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Hoje, a utilização dos trens concentra-se em três vertentes: cargas próprias, terceirização ou mistas (quando a empresa mescla as duas primeiras).
No Porto de Santos, as empresas operadoras das ferrovias trabalham com os três tipos de exploração. Soares defende a utilização da ‘multimodalidade’, quando, para conter gastos e agilizar o processo, contêineres e grãos são transportados, em um único trajeto, por trens e caminhões.
A Itri Rodoferrovia, uma das operadoras que trabalham no cais santista, tem, em sua estrutura, terminais capazes de intercalar suas cargas. Em Suzano (SP), contêineres são transferidos dos caminhões (que vêm de todo o Brasil) para os vagões, que descem em direção a Santos. O caminho inverso também é feito.
O vice-presidente da CBC enxerga limitações estruturais e logísticas para implementação da mesma alternativa para os graneleiros. Mesmo assim, empresas passaram a estudar novas alternativas. “Analisamos a possibilidade de transportar (grãos) dentro de contêineres. Daí, não precisamos adaptar o sistema”, comenta.
A operadora ferroviária Itri, por exemplo, aumentou em 15% a movimentação de composições nos percursos dos quais faz parte. Ela recebeu, emergencialmente, pedido de empresas que, diante das circunstâncias, ficaram temerosas em pegar a estrada. Soares acredita que isso poderia ser uma solução logística, ao invés de uma medida paliativa.
Washington Soares
VICE-PRESIDENTE DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO DA CÂMARA BRASILEIRA DE
CONTÊINERES, TRANSPORTE FERROVIÁRIO E MULTIMODAL