O ano de 2007 se configurou em um período positivo para a Aliança Navegação e Logística. A empresa encerrou com um aumento de 11% na movimentação total (mercado nacional e internacional), totalizando 502 mil TEUs, o que resultou em R$ 2,2 bilhões.

O diretor-superintendente da Aliança, Julian Thomas, afirma que o resultado foi satisfatório. “O ano passado foi marcado por uma alta valorização do real frente ao dólar. Mesmo assim, as exportações em contêineres tiveram um aumento de 10% enquanto o desenvolvimento das importações foi um pouco mais positivo, em torno de 13%”, afirma. A empresa encerrou 2007 operando 22 navios de contêineres e 8 graneleiros.

De acordo com o executivo, houve crescimento, também, de mercados individuais, com o incremento das exportações de produtos frigoríficos e maquinários para Europa, Ásia e Mediterrâneo, e desenvolvimento positivo do transporte de grãos e fertilizantes, que teve uma alta importante.

Ainda com relação ao mercado, ele comenta que a Ásia se destacou com o aumento das importações, que cresceu 40% no ano passado. Porém, ocorreu um declínio das exportações para os Estados Unidos, em torno de 10%, reflexo da oscilação do dólar frente ao real e da crise americana.

Thomas ressalta que 16 novos navios de contêineres do Grupo Hamburg Süd entrarão em operação, até 2010, para atender as rotas do Brasil para a Europa e Ásia. Serão 4 navios da classe Monte, de 5,5 mil TEUs, 6 navios da classe Rio, com capacidade de 5,9 mil TEUs e 6 da classe Santa, com 7 mil TEUs. A maior parte das embarcações será integrada em 2008.

Para 2008, a empresa espera um crescimento de 4% nas exportações e 10% nas importações. “Estamos com um otimismo cauteloso. A economia brasileira está se fortalecendo ano a ano e acreditamos que a exportação de produtos agrícolas continue em alta”, diz.

Segundo ele, a grande preocupação para o decorrer do ano é o desenvolvimento dos custos. O aumento constante do preço do bunker (combustível utilizado nos navios) também preocupa a empresa. Conforme Thomas, há 10 anos, a tonelada do produto era de US$ 68. Atualmente, custa US$ 470. “O Grupo Hamburg Süd consome por ano cerca de 2,2 milhões de toneladas de combustível. Hoje, se gasta mais com combustível do que com afretamento de navios”, declara.

Mesmo com o os problemas de infra-estrutura portuária e altos custos dos terminais, a empresa continua acreditando na potencialidade do Brasil. O executivo ressalta a importância da criação da Secretaria Especial dos Portos, responsável pela formulação de políticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento do setor de portos marítimos. “Ainda há muito que fazer, mas os primeiros passos já estão sendo dados”, diz.

Para o diretor de Operações da Aliança, José Antônio Balau, os setores marítimo e de comércio exterior não estão preocupados se os portos são públicos ou privados, mas que eles funcionem bem. “Isso é fator fundamental para atender o cliente no serviço porta-a-porta”, diz.

De acordo com Balau, atualmente, o Brasil tem uma capacidade insuficiente de espaço nos terminais. Dados elaborados pela Aliança indicam que, no Porto de Santos, entre 2001 e 2006, houve um crescimento de 125% na movimentação de contêineres. No mesmo período, a infra-estrutura local passou de 710 mil m2 para 900 mil m2, um aumento de apenas 27%. “Em Santos, temos um déficit de 700 mil contêineres, o que significa dizer que o mercado requer mais 700 mil m2 para movimentar contêineres sem haver congestionamento”, comenta.

Segundo ele, novos recursos precisam ser direcionados para atender ao crescimento no volume, que até 2010 deve aumentar entre 8% e 10% ao ano. “Isso poderá resultar em falta de espaço nos portos”, comenta.

Outro fator importante para desenvolver ainda mais o setor no curto e médio prazo é o incentivo de investimentos na expansão e abertura de novos terminais. Para isso, é fundamental que a ANTAQ revise as Resoluções 517 e 55, revendo os critérios para autorizar novos terminais privados em portos públicos e terminais privativos de uso misto, dentro ou fora dos portos públicos.

Cabotagem

A Aliança Navegação e Logística, empresa responsável pela retomada do transporte de contêineres na cabotagem, em 1998, vem investindo no transporte multimodal porta-a-porta, também conhecido como BR-Marítima, oferecendo um serviço de coleta de mercadorias no cliente e transporte seguido de distribuição da carga a partir do porto de desembarque.

“Não temos dúvida que a cabotagem seja a solução mais lógica para o transporte de cargas num país com mais de 15 portos ao longo de 7.400 km de costa e 80% da população vivendo a até 200 km do litoral. Por isso, defendemos melhorias permanentes na infra-estrutura portuária do Brasil, como forma de intensificar o serviço, que se destaca pela segurança, pontualidade e custo competitivo”, completa Balau.

Atualmente, a cabotagem conta com 18 navios porta-contêineres. Desse total, 10 são da Aliança. De acordo com o executivo, um estudo elaborado pela empresa mostra que não há necessidade de abrir o mercado para a importação de navios. Em 1999, o movimento na cabotagem era de apenas 20 mil contêineres. Em 2000, encerrou com 90 mil e em 2006, totalizou 454 mil TEUs.

Porém, o mercado já começou a se mobilizar para o crescimento futuro do transporte de cabotagem. “Seis novos navios já estão em construção no Brasil. A Aliança também está negociando com os estaleiros a encomenda de 4 novas embarcações”, afirma.

“Admitindo que tenhamos um crescimento anual de 15% na demanda, a frota atual existente, somada à incorporação dos navios em construção, acrescidos das embarcações que poderão ser afretadas com base na legislação já existente, mostra que em 2012 teremos uma procura de 904 mil TEUs e uma capacidade de transporte de 1,43 milhão de TEUs”, diz.

De acordo com ele, para que a cabotagem se consolide como melhor opção de transporte de cargas porta-a-porta, é preciso que os procedimentos nos portos de desembarque sejam menos burocráticos. Outro ponto que precisa ser amplamente discutido com o Governo Federal é o preço do combustível para os navios que atuam ao longo da costa. O custo para navios nacionais é 37% maior do que navios que operam na rota internacional.

Atualmente, a Aliança opera em 15 portos, entre eles, Buenos Aires, Montevidéu, Rio Grande, Paranaguá, Itajaí, Santos, Vitória, Fortaleza, Pecém, Recife, Sepetiba, Suape e Manaus. Entre os principais produtos movimentados estão higiene e limpeza, eletroeletrônicos, químicos, metais, alimentos, materiais de construção e matérias-primas para suprimento das indústrias regionais.
Para a cabotagem, os setores que deverão contribuir para o crescimento são varejo, produtos agrícolas (arroz e açúcar) e insumos industriais. “Queremos encerrar o ano com 75% do nosso serviço sendo porta-a-porta”, declara Balau. Em 2008, a perspectiva é de que o transporte de cabotagem cresça 5%.