Valor Online – São Paulo/SP
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O grupo Cosan, principal acionista da nova companhia ferroviária fruto da fusão Rumo Logística – ALL, já assumiu o comando da empresa. Ontem, em reunião em Curitiba (PR), sede da ALL, com um grupo de funcionários, anunciou o novo presidente, os nomes dos dois vice-presidente operacionais, do diretor financeiro e de relações com investidores e o novo diretor jurídico.

Ao definir e informar a nova estrutura de gestão de Rumo-ALL, a Cosan decidiu acelerar acelerar as mudanças na concessionária, que opera 13 mil km de trilhos no país, divididas em quatro concessões, e que tem muita coisa para ser consertada. A fusão já recebeu todas as aprovações dos órgãos de governo e agências reguladoras. O atual presidente da Cosan Logística, Júlio Fontana Neto, foi indicado como novo presidente da ALL, no lugar de Alexandre Santoro, que ocupava o cargo há pouco menos de dois anos.

Fontana está no grupo Cosan desde 2009, quando chegou para tocar a Rumo Logística, vindo de longo período de gestão à frente da MRS Logística. Ele fará uma transição no cargo com Santoro até o fim de março. Existe ao menos um período de cinco anos pela frente para pôr a ferrovia nos eixos, renovar a frota de vagões e locomotivas, modernizar a malha de transporte, ganhar eficiência e atender satisfatoriamente seus clientes. O pacote de investimentos nesse período não é pequeno: estima-se R$ 7 bilhões. A empresa – embora a Cosan não detalhe o assunto – também terá de equacionar sua situação financeira, que, aparentemente é confortável, mas há muitos ajustes a serem realizados. A nova gestão quer analisar com cautela todos os dados e números da ALL. A Cosan alocou ainda de seu quadro o diretor financeiro e de relações com os investidores – José Cezário Sobrinho.

Para a diretoria jurídica, buscou no mercado José Alberto Martins. Tratam-se de duas áreas consideradas essenciais dentro da nova gestão. A operação comercial-operacional de Rumo-ALL, conforme antecipou o Valor na semana passada, ficou dividida em duas unidades de negócios. Considera-se que cada uma delas tem suas especificidades e atua em plataformas diferentes. O corredor Rondonópolis-Santos, com trilhos de bitola larga (1,60 m) e onde estão grandes problemas a serem atacados, ficou com Daniel Rockenbach, que veio da MRS e que preside a Rumo.

É por esse trajeto – chamado de Malha Norte e Paulista, que vai até o porto – que passam mais de 60% da carga transportada pela ALL, principalmente grãos oriundos do Centro-Oeste, negociados pelas tradings multinacionais de grãos, que são clientes de peso, além de produtores de açúcar e empresas distribuidoras de combustíveis. Como menos urgência de uma ação operacional mais rigorosa, a malha de bitola estreita (um metro de largura), ou Sul e Oeste, ficou a cargo do vice-presidente Darlan Fábio De David.

O executivo já ocupa cargo de diretor na ALL. Na ALL há muita coisa para arrumar. Da troca de trilhos e vagões já carcomidos até pendências tributárias. O desafio fica maior com a junção de duas culturas bastante diferentes e que viveram em conflito por mais de um ano, desde 2013. Devido a desavenças sobre um contrato de prestação de serviços por parte da ALL à Rumo, ambas foram parar na Justiça.